Depois
de assistir suas arquirivais conterrâneas BMW e Mercedes-Benz revitalizarem os
concorrentes do A6 (Série 5 e Classe E, respectivamente), a Audi perdeu a liderança
do segmento de sedans médios de luxo no Brasil. Só parou de perder posições quando
chegou na terceira colocação desse mercado disputado por gigantes. Na Europa o
decaimento das vendas também foi amargamente notado pela montadora alemã. Tendo
em vista que tanto no continente europeu quanto aqui, o modelo da marca de quatro
anéis é mais barato do que os do seus concorrentes, só havia uma explicação para
a queda das vendas: o conceito e o design do A6 tinham se tornado defasados. Como
a palavra defasamento é antônimo de Audi, providências foram tomadas. O A6 enfim
seria incorporado à nova geração da marca, onde o apelo é a esportividade. Para
dar ares esportivos ao desenho do sedan ninguém melhor do que o designer Walter
de´Silva, famoso por ter desempenhado com sucesso a mesma função no Alfa Romeo
156 de 1997, época que trabalhava na montadora italiana. Como se vê nas fotos
dessa matéria, de´Silva cumpriu bem com seu papel. Jogou a linha de cintura lá
em baixo, com uma leve ascensão na região dos ombros e, com a linha do teto, promoveu
um prolongamento até a metade do porta-malas. Este artifício usado com a linha
do teto, gerou uma área envidraçada na forma de uma meia elipse. Junta-se a isso
as rodas de 18 polegadas e pronto; as mais típicas características de um cupê
esportivo em um legítimo sedan de luxo. Os faróis trapezoidais na frente, harmoniosamente
combinados por meio de vincos no capô com a chamativa grade dianteira - também
trapezoidal, forma essa que é característica do DNA da nova geração Audi - acabam
por afirmar a primazia do design desse carro. Lá dentro a receita é a mesma, sendo
que o próprio painel assume a forma do trapézio que, no volante, engloba o símbolo
da montadora. Mas
é claro, todos os esforços feitos para dar ao A6 uma jovialidade esportiva seriam
em vão se o coração do carro não fizesse jus ao apelo citado. Não foi o que aconteceu.
Estamos falando de um poderoso motor V8 com a exclusiva tecnologia Audi de 5 válvulas
por cilindro, cilindros estes onde a taxa de compressão é 11:1 e que totalizam
4163 cm3 de capacidade cúbica (cilindrada). O montante dessa salada de números
fica mais claro eu um outro único número, o de cavalos. São 335, atingidos às
6.600 rpm. Essa potência leva o carro relativamente leve para seu segmento - são
1745 kg - dos 0 aos 100 km/h em 6,1 segundos. O torque que promove essa aceleração
tão rápida é de assustadores 42,7 kgmf. A velocidade máxima, como já virou regra
dentro da Audi para carros de rua, é controlada eletronicamente para não ultrapassar
os 250 km/h. A
superlatividade dos números de desempenho precisa ser domada da forma mais serena
possível, já que o carro tratado é um sedan de luxo. Corroborando com esta serenidade
está a tração permanente nas quatro rodas, a que inclusive se atribui o "quattro"
ao nome do carro. Aliada ao ESP, à maior rigidez torcional, e ao melhor coeficiente
aerodinâmico (que passou de 0,34 na versão anterior, para 0,29), a tração dá uma
notável segurança em trocas de faixa, curvas bruscas, e situações que exigem a
toda prova a estabilidade do conjunto. São
duas as formas de conduzir o carro oferecidas pelo câmbio automático: a normal
e a esportiva. Na forma normal são utilizadas as 6 marchas, sendo que a sexta
é de economia, e as mudanças são feitas nas rotações condizentes. Já na esportiva
trabalha-se apenas com as 5 primeiras marchas. As mudanças aqui são rápidas, porém
só ocorrem com o motor cheio. Em qualquer uma das formas o motorista pode, quando
quiser, interferir na troca de marchas. Basta fazer uso dos botões de troca localizados
atrás do volante. Uma coisa é certa, em nenhuma das situações o motorista vai
encontrar dificuldade para ultrapassar a barreira dos 200 km/h, estando ele em
condições externas propícias de rodagem. Esportividade
a parte, o A6 continua sendo um sedan de luxo. Assim sendo, não poderiam faltar
mordomias para o motorista e passageiros. A começar pela chave. Basta que ela
esteja dentro do carro que um sistema de rádiofrequência vai permitir que o motor
seja ligado apenas pelo pressionar de uma tecla no painel, mesmo que a chave não
esteja na ignição. O freio de estacionamento é uma novidade no mundo do luxo sobre
rodas. Não existe alavanca. Um simples botão pressionado e o freio de estacionamento
está acionado. E em caso de emergência a central eletrônica ainda coloca esse
freio em funcionamento sincronizado com o ABS. Mas
o que de fato é o ápice da mordomia nesse Audi, é o MMI (Multi Media Interface),
herdado do irmão mais velho, o A8. Trata-se de um interessante sistema de interação
do carro com o motorista. Por meio de uma tela de 7 polegadas instalada no centro
do painel, o MMI possibilita a visualização de informações como carga da bateria,
data das revisões, intensidade das luzes internas, e até mesmo o número do chassi,
além de cumprir com todas as outras funções do computador de bordo. Pelo mesmo
sistema, é possível acessar uma agenda telefônica que a Audi disponibilizou, controlar
o áudio e o ar-condicionado. E o mais impressionante é que todas essas funções
são geridas pelo motorista por através de um único botão giratório. No
Brasil, além da versão 4.2 Quattro, de R$ 374.400, são comercializadas outras
duas versões de acabamento. A 3.0 Sport, que custa R$ 315.600, e a 3.0, que sai
por R$ 305.600, ambas com o mesmo motor 3.0 V6 de 218 cv. A expectativa da Audi
aqui no Brasil é vender 25 unidades do A6 por mês até o fim de 2005, dos quais
20% serão a versão top de linha e as versões 3.0 responderão pelos 80% restantes
das vendas. "Nosso objetivo é retomar a posição de líder no mercado", diz Jaruslav
Sussland, diretor de vendas da Audi no Brasil. |
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