Lançado
pela primeira vez em 1953, o Corvette era uma resposta da Chevrolet ao crescente
prestígio que os esportivos europeus estavam conquistando dentro dos Estados Unidos.
Precisava-se de algo que fizesse os olhos dos estadunidenses se desviarem dos
esportivos do velho mundo, mas que ao mesmo tempo antagonizasse o estilo imposto
pelos apreciados modelos de lá. Desse conflito de estilo e mercado nasceu o maior
mito automobilístico americano. Meio
século depois, o mesmo carro continua sendo motivo de valorizado desejo. De lá
para cá foram 5 gerações, cada qual símbolo de cobiça de sua época. A última dessas
gerações, o C5, já contava com tudo o que agrada ao jeitão americano de gostar
de carro: visual exclusivo e bonito, desempenho alto e requinte plausível. No
entanto, quase uma década do modelo no mercado já descascava seu glamour. A árdua
missão de fazer uma nova versão ainda melhor do Corvette caiu nas mãos de Dave
Hill, executivo chefe da divisão de desempenho da GM. E ao que tudo indica, ele
conseguiu; o C6 é ainda mais bonito, potente e requintado do que a versão anterior. Mas
o sucesso de Hill pediu uma estratégia diferente daquela usada décadas atrás no
lançamento do primeiro Corvette. Agora já não interessava mais fazer um esportivo
anti-europeu. Nessa nova fase, todos – ou quase todos – os esforços seriam voltados
para fazer do Corvette um carro universal. Foi a fórmula encontrada para, ao mesmo
tempo, manter os fãs e clientes tradicionais e ainda abocanhar uma quantia maior
de clientes desse seleto segmento de mercado. O
visual, apesar de não poder ser confundido com o do antigo, manteve as características
principais de um Corvette. Pára-brisas amplo e teto pequeno, pára-lamas incorporados
e linhas suáveis. Quem saiu de cena foram os faróis escamotáveis que, depois de
décadas identificando o esportivo da GM, perderam espaço. Lá atrás, no tradicional
conjunto de dois pares de lanterna de cada lado, as lanternas deixaram a forma
ovalada para assumirem uma forma circular. Entre esses pares de lanternas, a grafia
Corvette foi substituída pelo símbolo do carro, o qual também foi reestilizado.
As rodas aro 18 na frente e 19 atrás, juntas com o design novo, geram um tom feminino
ao Vette. Para
dar vida a esse design, que os fãs do modelo elegeram como o mais belo dos Corvettes,
nada melhor do que o mais potente motor a equipar Corvettes. Trata-se da quarta
geração do tradicional Small-block que acompanha os Vettes desde 1955. E, no que
diz respeito à motorização, a universalização geral a que foi submetido o C6 ficou
de lado. Enquanto em todo o mundo a eletrônica ganha cada vez mais espaço sob
o capô, esse motor recebeu um mínimo de eletrônica indispensável, sendo que o
próprio acelerador é mecânico. Em
relação ao motor LS1 do C5, o diâmetro dos cilindros do foi aumentado em 2,2 mm
e a cabeça dos pistões foi redesenhada, o que fez a capacidade cúbica total do
motor subir em 300 ml, gerando um 6.0 litros. Aliadas ao incremento na taxa de
compressão, essas alterações renderam ao LS2 400 cavalos, que levam o conjunto
a beirar a casa dos 300 km/h de máxima. O 0 a 100 km/h é feito em 4,5 segundos.
São
marcas que colocam o Vette em condições de brigar com os mais potentes Porsches,
Ferraris e Lamborghinis. Contribui para essas marcas o câmbio manual de seis marchas,
que teve melhorias da engrenagem à alavanca de manuseio, a qual agora exige menos
esforço e oferece maior precisão. Há também a opção do não muito valorizado câmbio
automático de 4 marchas. O
interior, que comporta duas pessoas, não foge àquilo esperado em carros dessa
classe. Os materiais de acabamento são nobres e conferem ao Corvette C6 o luxo
digno de um mito americano que depois de 50 anos continua a fazer escolas de fãs. | |