A
indústria automobilística tem testemunhado um fenômeno ímpar na sua história:
seu estágio de desenvolvimento permite que, ao mesmo tempo em que as marcas de
ponta se empenhem em explorar segmentos novos, dirijam também esforços para segmentos
intermediários entre modelos já existentes. A Porsche mostra-se perfeita para
exemplificar: em 2003 lançava o Cayenne, um utilitário esportivo diferente de
tudo o que a marca já havia fabricado na sua existência - e que deu certo. No
último salão de Frankurt lançou o Cayman, um modelo intermediário entre o Boxster
- modelo de entrada - e o 911 Carrera. Outra
mania da indústria atual: compartilhamento de plataformas. Um projeto exige gastos
exorbitantemente altos, o que estimula o aproveitamento de partes de um projeto,
em outro. Isso não faz que ambos projetos tenham forma final necessariamente parecida.
Prova disso é a Ford, que usou a plataforma pré-existente do Mondeo na fabricação
do Jaguar X-Type e nem por isso deixou visível qualquer semelhança significativa
entre os dois. No caso, o Cayman é montado sobre a plataforma do Boxster S e as
semelhanças entre ambos existem sim, mas não são bastantes para respaldar afirmações
de que o Cayman é apenas uma versão fechada do conversível Boxster (erro comum
nas rodas de conversa que se referem ao modelo). Atrás
dos ombros dos - dois - ocupantes pulsa o motor formato boxer de 3386 cm3 de cilindrada.
Trata-se de uma versão melhorada do 3.2 que equipa o Boxster. Esse melhoramento,
porém, não consiste somente no puro e simples aumento de cilindrada obtida pelo
aumento do diâmetro dos cilindros. Cayman é o nome de um pequeno jacaré famoso
pela agilidade. Para fazer jus ao nome que escolheu para o carro, a Porsche direcionou
todos estes melhoramentos para o fim de entregar agilidade ao seu modelo mais
novo. Os cabeçotes originais foram substituídos pelos do motor 3.6 do 911 Carrera
e contam com o sistema VarioCam Plus que controla com precisão e de acordo com
as necessidades do momento, a atividade das 4 válvulas por cilindro. A este sistema
se soma o coletor de admissão com geometria variável que por um sistema peculiar
de borboletas permite ao Cayman diferentes tipos de coleção de ar em cada faixa
de rotação. Resultado: agilidade mesmo em baixas rotações, o que torna o carro
de 295 cavalos perfeitamente domável em um ambiente urbano, por exemplo. O
mesmo sistema garante a esse jacarézinho uma curva de torque invejavelmente plana,
sendo que o torque máximo de 34,6 kgmf se apresenta às 4400 rotações. A transferência
desse torque do motor para a roda pode ser feita por meio do câmbio manual de
seis marchas que leva o carros aos 275 km/h de velocidade máxima e pede 5,4 segundos
para ir de 0 a 100 km/h. Mas como nem só de esportividade vive o homem, a Porsche
oferece como opcional um câmbio automático de cinco marchas que tira dos números
o que oferece do conforto: o 0 a 100 pede mais 0,7 segundos a máxima fica em 267
km/h. Ajudando o Cayman a atingir esses números está o coeficiente aerodinâmico
- cx - de 0,29, um número quase impensável no Boxster por este último ser conversível. A
explicação dessa opção automática está na proposta da Porsche que consiste em
entregar, historicamente, esportividade e luxo em todos seus veículos. O bom senso
fez com que a tradiconal marca de Stuttgart deixasse o câmbio automático como
opcional, privando os clientes mais esportivos da contrariedade de ver um Porsche
automático de série. Já o interior tem a medida certa de luxo e as linhas externas
apresentam uma mistura fascinante que exalta luxo e esportividade dignos de um
coupé Porsche. A
suspensão é tipo McPherson independente e mostra-se outro exemplo da dança luxo/esportividade
do Cayman: o programa opcional PASM (Porsche Active Suspension Management) permite
ao motorista optar por uma regulagem que priorize o conforto (mais usada dentro
de cidades) e outra que vise a estabilidade necessária em uma estrada ou - por
que não? - um circuito fechado. Os freios ABS de discos ventilados e pinças com
4 pistões, garantem uma boa frenagem. Vale lembrar que estas pinças são pintadas
em vermelho ou amarelo, conferindo um charme típico dos Porsche. No
Brasil os principais concorrentes do Cayman são os também alemães BMW Z4 e Mercedes-Benz
SLK, e o japonês Nissan 350Z. O páreo vai ser duro para a Porsche já que os U$
170.000 (aproximadamente R$ 380.000 com o dólar a R$ 2,23) deixam xseu modelo
com preço mais caro que os menos potentes 350Z e Z4, e se aproxima dos R$ 375.500
pedidos pelo SLK que tem 65 cavalos a mais. Isso faz com que o importador Porsche
espere uma venda que varie de modestos 15 a 20 carros pelo menos em 2006, seu
primeiro ano de comercialização. | |