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Porsche Cayman
Novembro de 2002

A indústria automobilística tem testemunhado um fenômeno ímpar na sua história: seu estágio de desenvolvimento permite que, ao mesmo tempo em que as marcas de ponta se empenhem em explorar segmentos novos, dirijam também esforços para segmentos intermediários entre modelos já existentes. A Porsche mostra-se perfeita para exemplificar: em 2003 lançava o Cayenne, um utilitário esportivo diferente de tudo o que a marca já havia fabricado na sua existência - e que deu certo. No último salão de Frankurt lançou o Cayman, um modelo intermediário entre o Boxster - modelo de entrada - e o 911 Carrera.

Outra mania da indústria atual: compartilhamento de plataformas. Um projeto exige gastos exorbitantemente altos, o que estimula o aproveitamento de partes de um projeto, em outro. Isso não faz que ambos projetos tenham forma final necessariamente parecida. Prova disso é a Ford, que usou a plataforma pré-existente do Mondeo na fabricação do Jaguar X-Type e nem por isso deixou visível qualquer semelhança significativa entre os dois. No caso, o Cayman é montado sobre a plataforma do Boxster S e as semelhanças entre ambos existem sim, mas não são bastantes para respaldar afirmações de que o Cayman é apenas uma versão fechada do conversível Boxster (erro comum nas rodas de conversa que se referem ao modelo).

Atrás dos ombros dos - dois - ocupantes pulsa o motor formato boxer de 3386 cm3 de cilindrada. Trata-se de uma versão melhorada do 3.2 que equipa o Boxster. Esse melhoramento, porém, não consiste somente no puro e simples aumento de cilindrada obtida pelo aumento do diâmetro dos cilindros. Cayman é o nome de um pequeno jacaré famoso pela agilidade. Para fazer jus ao nome que escolheu para o carro, a Porsche direcionou todos estes melhoramentos para o fim de entregar agilidade ao seu modelo mais novo. Os cabeçotes originais foram substituídos pelos do motor 3.6 do 911 Carrera e contam com o sistema VarioCam Plus que controla com precisão e de acordo com as necessidades do momento, a atividade das 4 válvulas por cilindro. A este sistema se soma o coletor de admissão com geometria variável que por um sistema peculiar de borboletas permite ao Cayman diferentes tipos de coleção de ar em cada faixa de rotação. Resultado: agilidade mesmo em baixas rotações, o que torna o carro de 295 cavalos perfeitamente domável em um ambiente urbano, por exemplo.

O mesmo sistema garante a esse jacarézinho uma curva de torque invejavelmente plana, sendo que o torque máximo de 34,6 kgmf se apresenta às 4400 rotações. A transferência desse torque do motor para a roda pode ser feita por meio do câmbio manual de seis marchas que leva o carros aos 275 km/h de velocidade máxima e pede 5,4 segundos para ir de 0 a 100 km/h. Mas como nem só de esportividade vive o homem, a Porsche oferece como opcional um câmbio automático de cinco marchas que tira dos números o que oferece do conforto: o 0 a 100 pede mais 0,7 segundos a máxima fica em 267 km/h. Ajudando o Cayman a atingir esses números está o coeficiente aerodinâmico - cx - de 0,29, um número quase impensável no Boxster por este último ser conversível.

A explicação dessa opção automática está na proposta da Porsche que consiste em entregar, historicamente, esportividade e luxo em todos seus veículos. O bom senso fez com que a tradiconal marca de Stuttgart deixasse o câmbio automático como opcional, privando os clientes mais esportivos da contrariedade de ver um Porsche automático de série. Já o interior tem a medida certa de luxo e as linhas externas apresentam uma mistura fascinante que exalta luxo e esportividade dignos de um coupé Porsche.

A suspensão é tipo McPherson independente e mostra-se outro exemplo da dança luxo/esportividade do Cayman: o programa opcional PASM (Porsche Active Suspension Management) permite ao motorista optar por uma regulagem que priorize o conforto (mais usada dentro de cidades) e outra que vise a estabilidade necessária em uma estrada ou - por que não? - um circuito fechado. Os freios ABS de discos ventilados e pinças com 4 pistões, garantem uma boa frenagem. Vale lembrar que estas pinças são pintadas em vermelho ou amarelo, conferindo um charme típico dos Porsche.

No Brasil os principais concorrentes do Cayman são os também alemães BMW Z4 e Mercedes-Benz SLK, e o japonês Nissan 350Z. O páreo vai ser duro para a Porsche já que os U$ 170.000 (aproximadamente R$ 380.000 com o dólar a R$ 2,23) deixam xseu modelo com preço mais caro que os menos potentes 350Z e Z4, e se aproxima dos R$ 375.500 pedidos pelo SLK que tem 65 cavalos a mais. Isso faz com que o importador Porsche espere uma venda que varie de modestos 15 a 20 carros pelo menos em 2006, seu primeiro ano de comercialização.

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