O
que acontece quando se une a tradicionalidade das linhas inglesas com a brutalidade
dos motores americanos? Provavelmente foi essa a pergunta que matutou na mente
de Correl Shelby, um americano apaixonado por carros e que, por vezes, já tinha
participado das corridas endurance do continente europeu. A resposta que ele queria
encontrar para a pergunta acima transcrita, era o superamento das Ferrari nas
longas corridas europeias, principalmente, na famosa Le Mans. Foi essa motivação
que levou Shelby a redigir uma carta endereçada à A. C Cars, propondo a tal união
entre um motor americano de alta potência, e o chassi de seu modelo chefe, o Cobra.
A A. C Cars, era uma pequena empresa automotiva inglesa. Produzia na época o Cobra,
um conversível com motor de 2 litros, nada de muito radical. E foi sobre esse
chassi que decidiram mixar as culturas dos continentes diferentes. Faltava
o motor. É aí que a Ford entra. Na época (início da década de 60), a marca americana
tinha interesse em analisar o comportamento de seus motores em carros destinados
à competição, já que também tinha os olhos voltados à acabar com a dinastia Ferrari
nas corridas de Le Mans. Inicialmente, o original 6-cilindros de 2.0 litros, usado
pela marca inglesa foi substituído por um V8 de 4.2 litros de capacidade. Nas
pistas esse motor não levou o carro à notáveis conquistas. Mas, pouco tempo depois,
era instalado um gigantesco motor 7.0 litros que fez o carrinho deixar Ferrari
para trás e conquistar títulos europeus, como americanos. A Le Mans em si, não
foi vencida na categoria geral pelo Cobra. Em 1966, a Ford conseguiu a proeza
de enfim conquistar tal prova, mas o fez com o GT 40. Mas...
não foi pelo desempenho nas pistas do planeta que o Ford Cobra acabou por virar
uma lenda entre os amantes d carros. O que impressiona de fato, é sua versão de
rua. Bancos simples, um painel funcional, e um volante de três raios com aro de
madeira... transpirava esportividade. Já com o Big Block V8 de 7.0 litros instalado,
o carro ganhou um pequeno reforço estrutural do chassi e na suspensão, e foram
instalados freios a disco nas quatro rodas. Nada que pudesse comprometer a dirigibilidade.
E que dirigibilidade! A sintonia do câmbio cinco marchas com o motor de 420 cavalos
proporcionava ao carrinho um verdadeiro bote nas arrancadas! Fazia de 0 a 100
km/h em 3,9 segundos. O número que hoje já é uma meta a muitos carros esportivos
0 km, na época impressionava a tudo e a todos! Mas, estes números por si só, não
dariam ainda ao Cobra o charme que ele tem, se não fosse a forma como se alcançava
estes números. Como um legítimo carro esporte, o modelo proposto por Correl Shelby
era extremamente arisco. Um sonho capaz de virar desejo de consumo de qualquer
um que tenha a oportunidade de acelerá-lo ao menos uma vez na vida! Segunda
geração Mesmo
considerado insubstituível, o Ford Cobra GT acaba de ganhar uma nova versão. Mais
de quatro décadas depois do surgimento do carro, o próprio Correl Shelby apresentou
o novo esportivo nostálgico da marca americana no último Salão de Detroit. A proposta
de puro sangue do antigo Cobra não foi deixada de lado. O painel continua funcional
de o interior "simples". A capota... não há capota. O carro é um eterno conversível.
Câmeras desempenham a função dos retrovisores, e botões, a das maçanetas. O V8
Big Block agora foi substituído por um V 10 40 válvulas de astronômicos 613 cavalos,
o qual gera um torque de quase 70 kgmf. | |