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Dodge Ram
Novembrode 2002

“Procura-se macho para dirigir a nova Dodge Ram”. Somadas à primeira imagem dessa página, as palavras desse anúncio que a DaimlerCrysler divulgou na internet já bastariam para dizer muito sobre a picape em questão. De fato, pouquíssimos foram meus colegas jornalistas que, em suas matérias sobre a Ram, conseguiram dizer mais do que esse conjunto anúncio/imagem.

À primeira vista, é justamente a aparência que confirma a idéia de robustez emitida pelo anúncio. As linhas do desenho inspiram formas de músculos e a enorme grade frontal coroada com o carneiro montanhês, símbolo da marca, mostram que não se trata de uma picape comum. Mas o que torna de uma vez por todas esse modelo especial pode ser reparado – sem dificuldade nenhuma – ainda do lado de fora; estamos falando das dimensões gigantescas desse monstro. São 5,78m de comprimento por 2,02m de largura, números que fazem o então maior modelo comercializado no Brasil, a Ford F-250 cabine dupla (por sinal, outro – lindo – monstro), se intimidar com seu quase meio metro de comprimento a menos.

A Ram é a terceira investida da Dodge no mercado brasileiro. A primeira se deu de 1969 a 1976, com direito inclusive a uma linha de produção em São José dos Pinhais, no Paraná. Em 76, com a crise do petróleo, os modelos da Crysler, famosos pelo tamanho, já não atraiam mais e a marca optou por vender suas instalações à Volks e abandonar o país. Em 1998, nova investida. A escolhida era a Dakota, picape que deixou fãs clubes depois que, em 2001 parou de ser comercializada. Agora, depois de 4 anos ausente do mercado brasileiro, a Dodge queria algo especial, algo diferente, algo grande, muito grande, para voltar ao mercado brasileiro. Aproveitando a alíquota zero para importação de automóveis do México – onde a Ram é produzida – a Dodge não tinha mesmo melhor opção do que a Ram.

Acontece que todo esse tamanho tem lá seu peso. Em miúdos, essas dimensões pesam 3 toneladas. Muito peso remete a carro lerdo e condução tosca, o que não é o caso dessa Dodge. Para compensar o peso das dimensões gigantes, nada melhor do que um motor gigante. E isso aqui não é problema já que o tamanho macro se estende até aos cilindros; são 5884cm3 de cilindrada no motor seis cilindros em linha. Com turbo e intercooler - este último que otimiza o rendimento do turbo pelo resfriamento do ar a entrar no cilindro - a potência dessa picape bate nos 330 cavalos, alcançados a 2900 rpm. Entretanto, é taxa de compressão o número que talvez mais impressione; mesmo com esses cilindros enormes (quase 1 litro cada), a taxa é de 17,2:1. Esse número permite à Ram alcançar um torque de 83 kgmf já aos 1600 rpm, o que em situação nenhuma deixa a Ram indisposta.

Infelizmente, no Brasil é vendida apenas a versão automática de 4 marchas. Nesse ponto, desagrada-se aos mais machos, que sentem-se privados da sensação de domínio total sobre a máquina e toda sua potência. Em contrapartida, para transferir a potência ao solo, são oferecidas três opções de tração; 4x2 traseira, 4x4 (com 45% de tração no eixo dianteiro e 55% no traseiro) e a oportuna 4x4 reduzida, todas de série. A seleção da tração é eletrônica, feita por um botão no painel.

Mas um carro não é feito tão somente por números – macro números no caso da Ram. O macho que topar o desafio de dirigir a Ram deve saber lidar também com as condições que não aparecem em tabelas repletas de dados técnicos. Temos que lembrar que o carro em questão é uma concepção estadunidense, e assim sendo, tem as características daquele mercado. A mais marcante delas, é a suspensão exageradamente macia, motivo de reclamações quanto a estabilidade em altas velocidades. Esse é um dos fatores levaram a Dodge a instalar um dispositivo que bloqueia a injeção a 180 km/h.

Internamente, o acabamento da Ram não é dos mais apurados. O painel é simples, com textura única e desenho humilde. Ao contrário do acabamento, ali dentro os instrumentos se destacam. Há computador de bordo, indicador da temperatura do motor, pressão do óleo, carga da bateria, temperatura externa e bússula. Itens de série também se destacam; ar-condicionado, banco do motorista com regulagem elétrica, minicomputador de viagem, além do câmbio automático. A etiqueta macro que a camionete evidencia por fora repete-se aqui no interior, que comporta sem grandes dificuldades até seis adultos.

Lá atrás, a caçamba – que já vem com lona marítima e revestimento de série – comporta 1634 litros, levando até uma tonelada de peso. A valentia do conjunto que forma a máquina se mostra uma outra vez na capacidade que ele tem de rebocar 5 toneladas.

No Brasil a Ram está isolada em um nicho de mercado. O modelo que mais se aproxima desse nicho é a F-250 XLT top de linha, produzida na Argentina, e que vendeu 1.834 unidades em 2004. A Ford pede R$ 108.000 pelo seu modelo, preço consideravelmente inferior aos R$ 149.000 que a Dodge pede pela Ram. Ciente das vantagens do seu modelo, a Dodge pretende vender no primeiro ano 400 unidades da Ram. São 400 machos que vão ter o prazer de na sua garagem contarem com toda essa robustez!

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