Quem
viu esse "garotinho" nascer a quase meio século atrás, nunca imaginou que ele
se tornaria em um samurai tão poderoso! Era um carro um tanto modesto que com
60 cavalos apenas, não podia prometer muito. Não fazia parte da linha Nissan;
foi idealizado pela Prince Motor Company, que se aventurava no mercado automotivo
depois de já ter explorado o de aviação. Apenas depois de mais de 10 anos, com
o fundimento de tal empresa com a Nissan, que enfim a saga deste futuro samurai
nipônico começava. Motores
de 140,160 cavalos, foram adotados no modelo, um design que sugerisse maior esportividade
foi aplicado. Mas como nenhum samurai de respeito tem carreira fácil, o Skyline
não fugiria à regra. Os problemas começaram com a crise dos combustíveis, que
além de colocar o governo japonês contra esse tipo de carro, enfraquecia suas
vendas. Depois disso altos e baixos fizeram parte do cotidiano desse samurai até
que finalmente, em 1981, a Nissan lançou a série R30. As coisas começaram a ficar
boas, o carro caiu no gosto do público japonês e a série foi continuada. Em 1989
chegou o notável R32. A essa altura o motor de 6 cilindros em linha já acompanhava
o samurai em todas suas batalhas. Essa versão foi capaz de vencer todas as corridas
que disputava na categoria topo do automobilismo japonês, a ponto de ser banido
dessa. Pelo temor que provocava em seus oponentes de pista foi que o Skyline ganhou
o apelido de Godzila, o qual, hoje, já virou sinônimo de Skyline. Já
na segunda parte da década de 90 o R34 foi apresentado. Esta é enfim, a fase da
vida desse samurai que será abordada nessa reportagem. É o sonho de consumo de
qualquer japonês ou mesmo de qualquer alma viva que o conheça profundamente. Ao
fim dessa matéria, certamente estará figurando também no topo de sua lista de
desejos. Mesmo
parado, se não fosse pela falta do barulho, o R34 parece estar em plena atividade,
a desferir seus golpes minunciosos de um samurai. Esse efeito é causado pelas
linhas, que os mais ousados julgam como perfeitas. As rodas aro 18, normalmente
escuras ou douradas, contribuem para que o carro expire tanta esportividade, a
qual por vezes, chega a ser confundida com a ferocidade de um... Godzila. Por
debaixo das bem ajeitadas linhas do capô, que o fazem parecer com o fucinho de
um réptil - o dele mesmo; Godzila! - está a arma predileta desse samurai: o seis-em-linha,
que aqui tem 24 válvulas. Bi-turbinado, o motor conta com 320 cavalos de raça
(apesar de que a Nissan anuncie 280, por essa ser a potência máxima permitida
a carros de fábrica japonesa). Esses números ainda não impressionam, mas são capazes
de levar essa máquina de 0 a 100 km/h em apenas 5,2 segundos. O carro ainda alcança
sem muita dificuldade, ao som maravilhoso do motor (apesar de contar com um bem
afinado - e, nas circunstâncias, dispensável - sistema de som da
Kenwood), os 250 km/h, onde a aceleração é cortada eletronicamente. Mas
ainda não é isso que transforma o Skyline no mito que ele é. O motor 2.6 litros
que alcança 40 kgmf de torque não é lá um super esportivo como sugere essa reportagem
- se bem que não é nada mal. De qualquer forma, ele foi projetado dentro das normas
da rígida lei japonesa, mas os engenheiros da fábrica, com sabedoria digna de
uma escolas de samurais, projetaram o motor de forma a facilitar ao máximo a modificação.
Os preparadores - em especial, os conterrâneos - entenderam bem a mensagem. O
resultado pode ser exprimido por um modelo preparado pela Blitz, que atinge assustadores
132 kgmf de torque, e acelera de 0 a 100 km/h em míseros 3 segundos. Outro exemplo
de Skyline bem anabolizado é o Veilside que além de ser capaz de atingir 350 km/h,
pode trabalhar com o regime acima das 9000 rotações por minuto. Por
dentro o Nissan Skyline R34 também é pensado para atingir números astronômicos.
Os bancos são em formato de concha, a fim de segurar os corpos de quem está ali.
O volante, sempre do lado direito, é de três raios. Quem sentar à frente dessa
peça redonda terá toda tecnologia aplicável em dirigibilidade a seu serviço.
A começar pelo sistema super-HICAS, que permite o esterçamento das rodas traseiras.
O sistema formado por um conjunto entre componentes eletrônicos e suspensão opera
de acordo com a velocidade instantânea do carro, e pode ser útil desde a manobra
do estacionamento, até durante curvas feitas - ou seriam golpes aplicados? - em
altíssima velocidade. A inclinação do aerofólio traseiro varia em
30º de acordo com a velocidade, o que contribui com a aderência sobre o asfalto
e possibilita o pleno controle do carro - ou não seria o controle da espada? -
sob quaisquer circunstâncias. Como se não bastasse, o motorista/piloto tem ao
centro do painel uma tela de 5.8 polegadas que informa sobre temperatura da água,
nível do óleo, voltagem da bateria, mostra as informações do GPS e até mesmo a
porcentagem de energia que a tração integral está enviando para cada uma das rodas
em determinado momento. O
preço... não há preço. A questão é que este samurai saiu de atividade em 2002.
As unidades já existentes não entram em acordo quando o assunto é preço de revenda
e este pode variar ainda mais quando em países diferentes. Lembrando que o Skyline,
além de comercializado no Japão, também vendia no Reino Unido e nos EUA. É uma
pena a idéia de privação da compra de um dos mais esportivos carros do cenário
mundial, 0km. No entanto, desde que o R34 saiu de linha, boatos existem sobre
um novo R35. A Nissan ainda nega e inclusive já apresentou novas opções de substituição
desse mito sobre rodas. Resta-nos torcer para que os boatos tenham fundamentos,
e enfim, esse samurai retorne à sua melhor forma! | |